Cães em canis e associações


Foto: Dior e Prada, adotadas de um canil e esterilizadas aos 6 meses.


Esta manhã o JN noticia que, segundo a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), em 2015 foram eutanasiados 33 cães e gatos por dia em canis municipais (informação não encontrada no website da DGAV). Considerando que este número corresponde à realidade, falta ainda quantificar todos os que vivem em associações ou na rua e acabam por sofrer fatalidades. 

A maior parte das associações em Portugal tem como política não eutanasiar.
Não questionando opções pessoais nem os ideais de quem gere estes espaços, quem visita canis e associações facilmente percebe que acolhem animais acima da sua capacidade e o limite entre políticas de não eutanasiar e “hoarders” (acumuladores) é muito ténue, como a própria PETA reconhece.

Para além dos problemas de saúde e acompanhamento veterinário adequado, a consequência mais gritante do excesso de animais em canis e associações é o desenvolvimento de problemas comportamentais que diminuem drasticamente a adotabilidade dos cães. A isto acresce o número de cães doentes, medrosos, fóbicos ou com problemas de agressividade que não são treinados para se tornarem adotáveis. Há ainda a alocação de recursos para higiene, desparasitantes internos e externos, comida adequada às necessidades de cada animal…

E que vida é a destes animais fechados em canis ou associações? Muitos com doenças que ficam rendidos a espaços em que nem conseguem dar dois passos, muitos com problemas de agressividade que ficam permanentemente fechados dentro de “gaiolas”... Estes animais ficam rendidos a vidas miseráveis quase sempre capricho de humanos. Gostariam vocês de viver em prisão solitária, cheios de doenças, durante o resto da vossa vida, sem terem cometido qualquer crime?! Acham que estou a exagerar?!

Não seria melhor fazer uma avaliação da adotabilidade de cada cão/gato e investir em preparar esses para serem integrados numa família? Noutros países, como o Reino Unido, há associações que funcionam desta forma. Cada cão tem direito ao seu espaço onde pode descansar sozinho, tem direito a passeios e estimulação mental diariamente, e são treinados para que possam ser adotados com sucesso. Seria isto possível com a quantidade de animais que temos nos canis e associações portugueses?! 

O desenvolvimento na direção da diminuição do número de eutanasias faz todo o sentido mas tem primeiro que começar por campanhas de esterilização e castração a larga escala, da sensibilização das pessoas para esta necessidade, do controlo de “criadores”, da avaliação da capacidade de uma família adotar um animal, da obrigatoriedade de frequentar aulas para cachorros, por exemplo. Não podemos partir para políticas de não eutanasiar enquanto não houver famílias suficientes para adotar os animais que estão em canis e associações.

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