A arrogância dos castigos

Foto: Prada e Dior na ria de Aveiro


Castigo (www.infopedia.pt): 1. acto ou efeito de castigar; 2. sofrimento corporal ou moral infligido a uma pessoa; 3. admoestação (repreensão); 4. emenda.

Vivemos numa sociedade punitiva e isso é evidenciado pela elevada taxa de encarceramento. Muitos de nós crescemos em casas em que o castigo era normal.
Os tutores de cães geralmente castigam comportamentos indesejados em vez de reforçar comportamentos desejados. Como treinadora, a minha função é fazer com que os tutores procurem oportunidades de reforçar comportamentos desejados em vez de se focarem em comportamentos que querem  parar.

Os cães não têm um código moral. No entanto, os humanos tendem a pensar que os cães “sabem quando estão a fazer mal” e assim justificam os castigos. De forma grosseira podemos comparar os cães a crianças de 2 anos de idade. Geralmente não assumimos que crianças de 2 anos “sabem quando estão a fazer mal” e por isso castigar não faz sentido. Com a memória de curto prazo na ordem de segundos, também não faz sentido castigar um cão minutos ou horas depois do comportamento indesejado ter ocorrido.

Não é justificável infligir dor ou castigar um cão por expressar os seus comportamentos normais quando temos a oportunidade e o conhecimento para lhes ensinar quais os comportamentos que desejamos e queremos.

Em 1992 um Americano que trabalhava como conselheiro numa prisão de máxima segurança disse “Há demasiado ego. As pessoas que pensam demais nelas próprias pensam de menos nos outros e na natureza”. Quando nos consideramos  superiores a outros seres, facilmente justificamos infligir intimidação, medo, dor ou compulsão física para moldar os outros seres à nossa vontade. De forma muito triste testemunho isto quando observo um treinador que defende a dominância e os castigos a treinar um cão com aspecto miserável. Eu encorajo a empatia e a considerar a perspectiva do cão. O tutor deve ver o cão como uma criança de 2 anos e assim guiar o cão de forma a ter comportamentos de sucesso!

Quando um tutor inflige um castigo, não há um processo jurídico, o tutor é polícia e juiz, e osso cria um conflito de interesses. como treinadora ás vezes tento explicar aos tutores erros que eu própria cometi com as minhas cadelas antes de estudar comportamento animal. Tento com isso fazer com que eles evitem cometer os mesmos erros.

Não consigo imaginar circunstâncias em que tratar um cão de forma severa, bruta e punitiva seja necessário. Devemos sempre ser os maiores defensores e protectores dos nossos cães.


Este artigo é uma tradução com ligeiras adaptações feita por Bruna Oliveira. O original pode ser encontrado em http://ppgworldservices.com/2015/09/15/the-arrogance-of-punishment/

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