Agressividade não é uma característica da personalidade


Foto: Prada e Dior a observar e a serem observadas pelas ovelhas!

Quando um cão demonstra comportamentos agressivos, o seu bem-estar pode estar comprometido e pode ser visto como um risco de saúde pública pelos humanos. As consequências mais comuns para estes cães são o abandono ou a eutanásia.
Em 2012 foi publicado um estudo cujo objectivo era estimar o número de cães que mostram comportamentos agressivos (ladrar, rosnar, atirar-se à pessoa ou morder) em três cenários: pessoas desconhecidas que entram em casa, pessoas desconhecidas no exterior da casa e membros da família. Outros objectivos eram identificar se a agressividade ocorre simultaneamente nos 3 cenários e investigar os factores de risco que podem levar a agressividade.
O estudo foi feito no Reino Unido e foi baseado nas respostas dadas a questionários distribuídos em veterinários, eventos de cães, eventos agrícolas e equinos, pessoas que passeavam os seus cães e lojas de cães. No total 3897 questionários foram devidamente respondidos e incluídos no estudo.

Os resultados do estudo evidenciam que agressividade nos 3 cenários não ocorre simultaneamente, sugerindo que os cães aprendem a mostrar comportamentos agressivos em situações específicas e que agressividade não é uma característica do cão.

Outros resultados evidenciados pelo estudo são:
  • Tutores mais velhos reportaram menos casos de agressividade do que tutores com menos de 25 anos;
  • Tutores do género feminino reportaram menos casos de agressividade do que tutores do género masculino;
  • Cães mais velhos são mais predispostos a mostrar comportamentos agressivos a pessoas não familiares;
  • Cadelas esterilizadas têm risco reduzido de demonstrar agressividade nos 3 cenários;
  • Cães que frequentaram aulas para cachorros têm menor predisposição para mostrar comportamentos agressivos a pessoas não familiares, evidenciando a importância da sociabilização antes das 12 semanas de idade;
  • O local onde os tutores adoptaram/compraram o cães está relacionado com o risco de comportamentos agressivos nos 3 cenários;
  • O uso de técnicas de treino baseadas no castigo positivo e reforço negativo foi associado a um maior risco de agressividade nos 3 cenários.

No geral, para todos os tipos de agressividade, os resultados indicam que o factor que mais influencia comportamentos agressivos é a própria experiência do cão individual. Os resultados sugerem que é inapropriado fazer suposições sobre agressividade com base em características gerais, como género ou raça.


Referência:
Casey, R.A., Loftus, B., Bolster, C., Richards, G.J., Blackwell, E.J. (2014): Human directed aggression in domestic dogs (Canis familiaris): Occurrence in different contexts and risk factors. Applied Animal Behaviour Science, 152, 52-63.

Este artigo é resultado de uma análise ao artigo científico original feita por Bruna Oliveira, BabusCão.

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