Hierarquia Humana

A Dra Susan Friedman é analista de comportamento e é uma forte defensora do tratamento humano e ético dos animais.  Recentemente, a Dra Friedman publicou o artigo “O que está errado nesta imagem: quanto eficácia não é suficiente” em 2008 e nesse artigo propôs a Hierarquia Humana. O artigo foca em incorporar ética nas nossas escolhas quando treinamos um animal ao invés de apenas escolher um método que “funciona”.


Figura: Hierarquia Humana introduzida por Dra Susan Friedman e traduzida por Bruna Oliveira.
A Hierarquia Humana não é um conjunto de regras. É uma lista hierarquisada  de métodos de treino, começando no menos invasivo para o animal e terminando no mais invasivo. Menos invasivo é definido como o método que deixa o animal com mais controlo sobre o seu desempenho.
A Dra Friedman leva muito a sério as intervenções no comportamento porque é uma grande responsabilidade intervir no comportamento de um animal. A sua abordagem direcciona o utilizador a considerar o animal em primeiro lugar: as necessidades, vontades, gostos e aversões do animal.
A Hierarquia Humana requer que os treinadores e consultores/analistas de comportamento usem o método menos intrusivo e aversivo que possa ser bem sucedido no ensino ou mudança de um comportamento sem resultar em efeitos secundários adversos.
A Hierarquia Humana é também um critério de competências pois requer que os profissionais sejam qualificados e que trabalhem no sentido de aumentar o uso de reforço positivo e minimizar o uso de castigos. Para isso, os profissionais têm que se actualizar continuamente, através de cursos, seminários/conferências, observação/estágio com outros profissionais, entre outros, e não devem nunca trabalhar com casos que estejam fora da sua área de competências e experiência.

Para dar um exemplo de como usar a Hierarquia Humana, vamos primeiro pensar num comportamento do animal que queremos tentar mudar.
A primeira coisa a fazer é verificar o bem-estar do animal, em termos nutricionais e físicos. Se necessário, vamos a um veterinário para que ele possa avaliar a saúde do cão. Devemos recolher toda a informação necessária antes de seguirmos para o próximo método. Se explorarmos todas as hipóteses a nível de bem-estar e não formos capazes de alterar o comportamento, então devemos recorrer ao próximo método que, neste caso, é alterar os antecedentes. Aqui devemos recolher toda a informação que rodeia o comportamento que queremos alterar - o que induz o comportamento, em que circunstâncias, na presença de quem/do quê, etc. É possível alterar o comportamento apenas através da alteração dos antecedentes?! Perfeito, paramos por aqui. Caso não seja, continuamos então para o próximo método - Reforço Positivo - e assim sucessivamente.
Um treinador que geralmente vai directo ao final da hierarquia, está apenas a mostrar as suas próprias limitações. O uso de castigo negativo,  reforço negativo e castigo positivo podem trazer consigo várias consequências negativas como, por exemplo, gerar agressividade, suprimir comportamentos (que poderiam prevenir acidentes), aumentar a ansiedade e o medo, mal-estar ou dor física, associação negativa ao tutor ou pessoas no geral, novos comportamentos indesejados...


Referências:

http://behaviorworks.org/files/articles/What's%20Wrong%20with%20this%20Picture.pdf
https://iaabc.org/about/LIMA#fn8
http://eileenanddogs.com/2013/05/21/the-humane-hierarchy-1/

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