Os cães são parecidos com os seus tutores?!


Foto: Dior, Bruna e Prada. Encontre as semelhanças!

Familiaridade é o mecanismo psicológico que explica porquê que uma pessoa pode escolher um cão parecido consigo. Simplificando, as pessoas gostam de coisas familiares! Isto explica ouvirmos todas as novas versões de uma música antiga e explica o sucesso das rádios que transmitem música dos anos 80 e 70. Explica também porquê que as pessoas votam em actores ou nos filhos ou parceiros de pessoas conhecidas, mesmo sem saber a capacidade que a pessoa tem para o cargo - votam simplesmente porque o nome é familiar em torno do qual formaram sentimentos positivos.

O que determina as parecenças entre tutor e cão é a sua face. Nós somos familiares com a nossa própria face porque todos os dias vemos o nosso reflexo em espelho, vidros e outras superfícies reflectoras. A ciência sugere que temos afeição pela nossa face, tal como temos de qualquer coisa que vemos muitas vezes. Assim, temos tendência a transferir parte desse sentimento para algo que nos faz lembrar a nossa face devido a certas semelhanças. Isto pode estar relacionado com a escolha de cães que se parecem com a pessoa. Se as características gerais de um cão têm o mesmo aspecto que as características gerais da pessoa, esse cão despertará mais emoções na pessoa do que qualquer outro cão.

Estudantes do sexo feminino na Universidade de Colúmbia Britânica participaram num estudo cujo objectivo era perceber sobre semelhanças entre tutores e seus cães. Na primeira fase do estudo foram-lhes mostrados slides com retratos de cães de 4 raças: English Springer Spaniel, Beagle, Siberian Husky e Basenji. As participantes tinham que avaliar o aspecto do cão e quão amigável, leal e inteligente o cão parece. As participantes foram também questionadas acerca do seu estilo de vida e foi-lhes pedido para olharem para esquemas de penteados de cabelo e indicar o seu estilo habitual. Os resultados indicam que, no geral, as participantes que usam cabelo comprido a cobrir as orelhas preferem o Springer Spaniel e o Beagle, classificando estas raças como mais amáveis, amigáveis, fieis e inteligentes. As participantes com cabelo curto e orelhas visíveis preferem o Siberian Husky e o Basenji. Estes resultados podem estar relacionados com os efeitos da familiaridade.
O cabelo comprido nas mulheres forma uma “moldura” parecida com a formada por orelhas grandes e caídas que vemos no Spaniel e no Beagle. Cabelo curto permite ver as linhas laterais da face da mulher e permite ver as orelhas. Tanto o Husky como o Basenji têm as orelhas em pé e bem visíveis.  Nem todas as participantes do estudo mostraram estas preferências. Contudo, este resultado é estatisticamente significativo.

Michael Roy e Nicholas Christenfeld, psicólogos na Universidade da California, fizeram outro estudo e usaram outra técnica. Este estudo foi criticado e os autores publicaram um resposta às críticas. Neste estudo, 45 cães (23 com raça definida e 22 sem raça definida) e seus tutores foram fotografados em separado. As fotos dos tutores foram mostradas a 28 observadores e foi-lhes pedido que indicassem, entre dois cães, qual o de cada pessoa. Um cão era considerado semelhante ao seu tutor quando a maioria dos observadores o associavam correctamente ao tutor. Os observadores associaram correctamente ⅔ dos cães de raça definida ao seu tutor. Este estudo parece confirmar que os cães são semelhantes aos seus tutores.

Um outro estudo foi feito no Japão, partindo do pressuposto que os tutores são mais semelhantes entre si do que nos países em que estudos semelhantes foram feitos. Este estudo conclui que a capacidade de encontrar os pares cão-tutor correctos e a sensibilidade para diferenciar entre pares correctos e pares falsos, não depende das características do observador (por exemplo, gostar ou não de cães).  O estudo evidencia que há semelhanças físicas entre cães e seus tutores.

Referências:

Texto de Bruna Oliveira, BabusCão.

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